CONTO de FODAS - Branca de Neve e os 7 Nãos

Lila apesar de já estar com seus 40 anos sabia bem que era muito bonita. Talvez por não ter filhos, seu corpo estava conservado e ela ainda fazia questão de ir todos os dias para a academia. A única coisa que fazia Lila se achar feia era quando ela encarava a beleza e juventude de Bianca, que malhava na mesma academia que ela. Bianca tinha metade de sua idade, pele mais branca que a neve, pescoço esguio, seios delicados e firmes e um quadril mais que desejado.
Toda vez que Lila estava diante do espelho contemplado sua beleza, ela se perguntava se havia alguma mulher mais bonita que ela. A resposta era sempre a mesma. Ela não conseguia esquecer Bianca. Lila sabia que essa era a única coisa que a impedia de se considerar a mais bela.
Lila resolveu dar um fim em Bianca. Contratou um homem para se livrar da Jovem. Ela não queria saber o que ele faria com a garota desde que Lila nunca mais a visse. Feito, o homem sequestrou Bianca. Sua ideia inicial era matá-la e sumir com o corpo da jovem, porém diante de tamanha beleza não pode fazer. O homem resolveu então levar Bianca para seu prostíbulo que ficava em outra cidade. Lá Bianca teria muita utilidade.
Bianca não podia acreditar no que estava lhe acontecendo. Foi forçada a se drogar e se viciou. Una vez dependente, não foi difícil convencê-la a fazer programas. Ela cobrava caro, mas a maior parte do dinheiro ia para o cafetão (vou chamá-lo assim porque ninguém jamais soube o seu nome, alguns duvidam até que tivesse sido batizado) e o que sobrava ela gastava em drogas. Passava a maior parte do tempo completamente entorpecida, se assemelhando a una boneca de pano, que una criança cansada de brincar deixou largada em um canto qualquer.
Certo tempo, a fama de Bianca se espalhou. Muitos vinham de longe para tentar um programa com ela. Com toda a popularidade voltada para si, Bianca podia cobrar o quanto quisesse e dizer não a quem ela quisesse, ou quase isso, se não fosse pelo cafetão que não ficava nem um pouco satisfeito ao vê-la dispensando clientes. Ele fizera um acordo no qual Bianca não poderia dispensar mais que sete clientes por noite. Isso mesmo, una cota de não. Ela não tinha outra opção a não ser aceitar. O primeiro programa da noite quase nunca começava antes do sétimo não ou da jovem já ter consumido pelo menos quatro carreiras de cocaína e várias doses de vodka pura.
Bianca estava naquele lugar há alguns anos e não conseguia entender como tinha ainda podia estar viva. Só de olhar para o lugar tinha vontade de rasgar a pele com as unhas ou queimar os olhos com um das pontas de cigarro que se acumulavam aos montes sobre o piso cinzento. As paredes eram úmidas e cheiravam a mofo, as poltronas ensebadas e fedaim a charuto barato e pinga. Quando olhava para as escadas que levavam em direção aos quartos, sua visão se perdia na cortina de fumaça que serpenteava tentando quem sabe escapar por una das janelas o andar de cima, já que a única coisa que era aberta no de baixo era a porta. Tudo naquele lugar lhe era desagradável. Até mesmo um jarro com flores que havia sido posto em una mesa no canto e esquecido fazia tempo, agora contribuía para o horror do cenário. Viciada e longe de casa era como estar em una prisão sem muros. Junto de outras que Vivian o mesmo sofrimento.
Os que frequentavam o lugar já conheciam bens o temperamento de Bianca. Às vezes ela estava FELIZ; outras estava RESFRIADA; com alguns ela era DENGOSA e com outros era ZANGADA; também adorava tirar una SONECA - era o que dizia estar fazendo quando encontrada caída pelo chão; haviam dias que ela não FALAVA nada e raramente ela se mostrava una verdadeira profissional, MESTRE na cama.
Certo dia Bianca teve una overdose. Foi em una daquelas semanas bem agitadas em que ela nem saia de dentro do quarto e os clientes faziam fila a porta. Entre um cliente e outro só parava para cheirar mais una carreira de pó ou tomar um gole de qualquer coisa que fizesse sua garganta queimar. Para sua sorte, no memento que teve a overdose, o cliente com quem estava era um médico. Na verdade ela não sabe ao certo se foi sorte ou azar, no fundo ela desejava que a vida se esvaísse de seu corpo e a livrasse daquela vida miserável que levava pelo simples fato de ter nascido tão bela.
Lucas, o médico que a salvou, convenceu Bianca a não se drogar mais. Tudo isso com a promessa de tirá-la daquele lugar. Esperança não era algo que se via por ali, dentro daquele ambiente enfumaçado e fétido, por isso ela resolveu agarrar com o pouco de força que ainda lhe restava.  A partir desse dia Bianca não quis usar mais drogas.
Um pouco mais lúcida juntamente com outras, mataram o cafetão enquanto este parecia ter tomado o lugar da jovem no chão sujo.  As companheiras de Bianca encarregaram-se do que sobrou do cafetão, como se tivesse a vontade de se despedir - garanto que com palavras nada cordeais.

Agora Bianca estava livre para viver sua vida, mas não queria deixar as outras que ali viviam e que certamente não teriam para onde ir ou já tinham seus sonhos há muito esquecidos. Bianca resolveu então manter o prostíbulo aberto. Não se preocupou com Lucas, embora fosse muito grata pelo que ele fizera, pela ultima esperança lançada. Ela sabia que os dois não dariam certo mesmo. Em pouco tempo ele a deixaria da mesma forma como havia feito com a esposa. Já havia muito tempo que ele tinha prometido a tirar de lá e para falar a verdade já havia muito tempo que ele não aparecia por lá.  
A primeira coisa que fez foi mudar o nome do prostíbulo para Branca de Neve e assim ela também passou a ser conhecida. A segunda coisa que mandou fazer foi sequestrar Lila e a colocar pra fazer programas em seu lugar.

Por Phillip M Elliot

CONTO de FODAS - Chapeuzinho vermelho

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Joanna era una jovem que vivia com sua avó Annabeth em una pequena casa na floresta. Ela nunca conhecera a mãe que morreu por complicações no parto e seu pai morrera em um acidente na floresta muitos anos atrás quando Joanna ainda era um bebê. Não se sabe ao certo a real causa da morte de seu pai, mas acreditam ter sido causada por um animal selvagem, um lobo. Essas não eram historias que Joanna e Annabeth costumavam contar aos outros.

Joanna era bonita e sempre aparentou ter mais idade do que realmente tinha. Possuía os cabelos castanhos cortados acima dos ombros, a pele morena e aveludada, seios fartos, cintura fina e pernas bem torneadas, talvez pela longa caminhada semanal que fazia pela estrada que conduzia à casa de sua avó. Todas as segundas-feiras Joanna tinha que ir à cidade comprar remédios para sua avó. Certa vez quando voltava para casa, Joanna encontrou com um lenhador que dormia à beira da estrada. Ele não parecia ter muita idade, na verdade era um lenhador até jovem demais. No momento em que Joanna passava pelo lenhador, este acordou. Joanna não soube explicar, mas sentiu os pelos de sua nuca arrepiarem. O lenhador perguntou o que ela fazia sozinha por aquela estrada e disse-lhe que poderia ser perigoso. Joanna disse que fazia isso havia muitos anos e que já estava acostuma. O lenhador se ofereceu para acompanhá-la e Joanna assentiu. Ao chegarem a casa, sua avó estava sentada em una cadeira de balanço na varanda da casa. Annabeth ao ver sua neta com o lenhador ficou furiosa, quase histérica. Disse que não queria que ele se aproximasse de sua neta novamente e que se o fizesse Annabeth telefonaria para o xerife. Joanna não gostou nada da atitude de sua avó.
Na semana seguinte quando ia a cidade comprar os remédios de sua avó, fez o percurso normal e na volta encontrou o lenhador que estava deitado da mesma forma que ela avistara na semana anterior. Por alguns segundos Joanna pensou ser um déjà vu, mas logo reparou que o lenhador segurava algo em sua mão. Joanna chamou o lenhador que despertou imediatamente. Ele disse que estivera esperando que ela passasse o dia inteiro. Joanna enrubesceu, mas logo tratou de não parecer tão feliz e perguntou o porquê da espera. O lenhador estendeu a mão e então ela pode ver o que ele segurava. Ele lhe entregou una pequena caixa que continha um cordão de ouro com una pequena medalha de um santo que Joanna não pode identificar já que não era muito religiosa, apesar de sua avó levá-la todos os domingos ao culto.
Joanna levou mais tempo do que o normal para voltar pra casa. Quando chegou a primeira coisa que sua avó fez foi perceber o presente que Joanna trazia em seu pescoço. A velha não precisou perguntar de quem a menina ganhara aquilo. Com um único movimento a velha arrancou o cordão do pescoço de Joanna e como se fosse una cobra arreganhou a boca e escorregou o presente goela abaixo com medalha e tudo. Após a proeza digna de artistas de circo, pois a velha fazia isso enquanto balbuciava algo que parecia una oração - talvez tivesse reconhecido o santo da medalha e não queria ofendê-lo - Annabeth disse que se Joanna voltasse a se encontrar com aquele homem, seria mandada para um colégio interno e que nunca mais sairia de lá.
Joanna não deu ouvidos à sua avó e passou a se encontrar com o lenhador. Todas as noites enquanto sua avó dormia no andar de baixo – a menina tinha a vantagem de sua avó ter sérios problemas nos joelhos e não subir com frequência as escadas – Joanna abria a janela de seu quarto para deixar que o lenhador entrasse. Ele só saia de lá quase pela manhã, antes que a velha Annabeth acordasse e pudesse vê-lo descer pela janela que ficava exatamente em cima da janela da sala.
Una noite, muito depois de ter cochilado no sofá assistindo um programa sobre pinguins na TV, a velha Annabeth acordou com uns barulhos estranhos vindos do andar de cima e resolver subir, ao invés de gritar por Joanna, para saber o que acontecia com a neta. Quando chegou ao quarto de sua neta não precisou bater ou girar a maçaneta, pois a porta estava entreaberta. Tudo o que fez foi deslizar a mão lentamente para que ela se abrisse por completo. Annabeth não sabia se fora a falta de iluminação no quarto ou se fora a dor que agora sentia em seus joelhos pelo esforço que fizera para estar ali em cima, mas ela poderia jurar que Joanna tinha o dobro do tamanho e pelo menos quatro pernas. Annabeth acendeu a luz e quase caiu dura para trás. Joanna e o lenhador estavam tão enroscados um no outro que a velha mal podia saber onde começava a neta e onde terminava o lenhador. Joanna deu um pulo e tentou se esconder debaixo dos lençóis. Annabeth procurou una vassoura para expulsar o intruso, mas quando voltou ao quarto não o encontrou. Joanna nunca vira sua avó daquele jeito. Parecia que seus velhos olhos esbranquiçados pela catarata haviam desaparecido e substituídos por bolas de fogo que saltavam das orbitas vazias. Annabeth disse que logo pela manhã telefonaria para unas pessoas e que mandaria Joanna para um colégio de freiras, onde a menina poderia refletir sobre o que fizera. Quando Annabeth se virou para descer as escadas, seu coração parou de bater por alguns segundos. De pé e nu, parado no primeiro degrau da escada estava o lenhador. O que deixou a velha horrorizada não foi a falta de roupa de homem e sim o fato dele estar segurando em suas mão um machado que de tão afiado, se ela enxergasse melhor  poderia ver seu rosto refletido. O lenhador segurava o machado com tanta força pelo cabo que os nós de seus dedos estavam brancos. Antes que a velha pudesse gritar ele avançou contra ela e lhe golpeou una única vez na barriga. A velha arquejou e caiu pesadamente no chão de madeira. Joanna saiu do quarto, contornou o corpo de sua avó, passou os braços em volta do pescoço do lenhador e lhe deu um beijo no rosto. Os dois ficaram alguns minutos olhando o corpo inerte de Annabeth. Joanna se voltou para o lenhador e disse que agora só faltava que ele deixasse a velha na floresta e o plano deles estaria completo.
Ambos vinham planejando se livrar de Annabeth há semanas. Depois que a matassem, levariam seu corpo para a floresta e torceriam para que algum animal o devorasse e com sorte isso aconteceria - muitos já foram devorados ainda em vida. Planejavam fazer isso na semana seguinte, porém a ocasião não poderia parecer mais perfeita. O lenhador vestiu-se vasculhou as entranhas da velha e tirou de lá o cordão que dera de presente para Joanna, logo depois jogou a velha no ombro, sem fazer muito esforço e sumiu na escuridão da floresta deixando Joanna que limpava o sangue do piso.
Na manhã seguinte Joanna ligou para o xerife e disse que sua avó havia desaparecido. O xerife disse que iniciaria as busca, mas não foi necessário. Um caçador ligou logo após Joanna e contou ao xerife que havia encontrado o corpo de una senhora que parecia ter sido devorada por um urso ou algo assim. O xerife foi até o local e então ligou para Joanna contando o que ele acreditava ser verdade. Joanna chorou copiosamente – o que não se pode afirmar se era tristeza, arrependimento ou mera encenação. Dois dias após o enterro de sua avó, Joanna levando nada mais que uma cesta de vime e usando um casaquinho de capuz vermelho foi sozinha pela estrada a fora pro outro lado da floresta. Ninguém mais ouviu falar da jovem.


 Por Phillip M Elliot