CONTO de FODAS - Bela e a Fera

As coisas, às vezes, tomam rumos que nem em nossos maiores devaneios somos capazes de imaginar. Essa foi una delas. Nicolau passou a semana tentando descobrir una forma para conseguir o dinheiro que faltava para o presente de aniversário de Bela, sua filha. Ele planejara dar una viagem para um curso de férias em outro país. Fato é que mesmo economizando, meses a fio, ele apenas tinha metade do valor do curso e ainda seria necessário um pouco mais para gastos adicionais. Agora faltavam menos de 4 dias e o desespero já havia se instaurado naquela cabeça coberta de cabelos brancos e que pareciam ficar cada vez mais brancos com a aproximação da data. Situações inesperadas pedem medidas exageradas, pensou Nicolau. Ele então resolveu falar com Mikhail. Mikhail Yanovsky era um "empresário" que controlava mais da metade da cidade que Nico morava. Entre comércios e fábricas, ele recebia mais de 56% dos lucros. Sabendo dessa fortuna Nico achou que poderia pedir dinheiro emprestado ao Sr. Ya, como era conhecido Mikhail. Até aí tudo bem. Ele conseguiu o dinheiro e um prazo ainda maior para pagar; 2 meses quando geralmente Ya só concede 1 mês para o pagamento.
24 de janeiro, tudo pronto para a festa surpresa que Nicolau havia preparado para sua amada filha. Nicolau tinha seus 53 anos, porém aparentava ser 15 anos mais velho, talvez por ter dedicado todo seu tempo a Bela. A mãe da garota era comissária de bordo e em una viagem para o Sul da África o avião em que estava desapareceu. O velho brincava dizendo que um dia encontrariam Susana vivendo em una tribo perdida da África. Bela sempre ria, pois isso a confortava, ainda que não acreditasse. Nico chamou todos os amigos do cursinho pré da filha. Não teve muito trabalho para isso já que ela deixava todos os contatos em una agenda perto do telefone. Ao chegar em casa e se ver diante de todos os seus amigo Belinha deixou escapar una lágrima de felicidade e correu de encontro a seu pai para abraçá-lo. A festa correu pela noite inteira e por volta das 23hs o pai resolveu discursar a felicidade que sentia por ter tão perfeita e agradável filha. Ao final do discurso que pareceu tão piegas, mas que a deixou comovida, Nicolau sacou do bolso da calça um envelope branco e entregou a Bela. Ela não sabia o que tinha dentro do envelope e quando o abriu não pode acreditar. Um comentário, a muito esquecido por Bela, acabara sendo realizado por seu pai. Agora ela tinha tudo o que precisava para fazer seu tão sonhado curso. Em 2 semanas ela estaria viajando para Brisbane, Austrália, para estudar durante 8 semanas. Bela se despediu dos amigos à medida que a festa chegava ao fim, tudo sem tirar os olhos, cheios de admiração, de seu pai.
Passadas 2 semanas Nicolau acompanhou Bela ao aeroporto sentindo o coração apertado, mas feliz ao saber que aquele era o desejo da filha e que em pouco tempo a veria novamente. A despedida dos dois se deu sem delongas e ele ficou no terminal de embarque olhando através do vidro grosso e embaçado o avião taxiar e partir carregando una parte de si. Quando não mais pode avistá-lo, seus medos se tornaram outros. Ele tinha exatas 7 semanas e 4 dias para sanar sua dívida com Mikhail Yanovsky.
O tempo foi cruel e impassível; voando como una folha seca que é arrancada pela mais leve brisa de outono. Nico não precisou sair de casa na data marcada para o pagamento. Ao meio-dia um Sedan prata parou junto ao meio-fio em frente sua casa e 3 homens vestindo ternos pretos saíram dele e escoltaram um outro homem, que   vestia um terno cinza chumbo, até a porta da frente. Nicolau sentiu as pernas vacilarem ao som das batidas fortes e ritmadas na porta; o corpo velho e enrugado dele perdeu as forças. O velho hesitou ao abrir a porta e ficou parado no meio da sala ladeado pela mobília fora de moda. Quando arriscou um passo, meio ensaiado, foi empurrado para trás pelo barulho da porta arrebentando e lançando farpas afiadas em cima dele. Foi cair sentado no chão de piso gelado. Não haveria espaço para discussão. Ya queria o pagamento imediato e não aceitava prorrogação de prazos ou coisas do tipo. A única coisa que Nico falou foi que não possuía o dinheiro e abaixou a cabeça esperando a pancada ou o click do cão de um revólver. Era certo que Ya já sabia disso e com um gesto quase imperceptível fez com que 2 de seus homens agarrassem Nicolau e o jogassem dentro do porta-malas do carro e sem mais desapareceram entre as ruas que cortavam o bairro.
Bela achou estranho seu pai não estar no aeroporto no dia de sua volta. Só ao chegar em casa se deu conta do que estava acontecendo. Na porta da sala, que estava em frangalhos, havia um cartão de visitas com as letras Ya. A jovem entrou em casa, respirou fundo e reavaliou a situação, pensando no melhor a se fazer. Decidida tomou nas mãos as malas que estavam na soleira da porta e foi para casa de Yanovsky. Lá encontrou o pai visivelmente mais magro e com a aparência decrépita. Ele lhe contou o que aconteceu e não demorou muito a chorar de vergonha. Bela conteve o choro e foi direto falar com Mikhail, para propor algo melhor para ambos. Passados alguns minutos os seguranças de Yanovsky tomaram Nicolau pelos braços e o jogaram na rua. Pelas grades altas do portão, que carregava um brasão de cobre polido com as iniciais MY, ele pode ver a filha em una das 20 janelas da fachada da mansão em forma de castelo. Ela acenou para ele e as cortinas se fecharam. A troca havia sido aceita de forma que Bela trabalharia para Mikhail a fim de quitar a dívida.
Ela virou una espécie de governanta. Não saía um segundo ser quer do lado de Yanovsky. Marcava encontros, reuniões, datas de cobranças e organizava festas na mansão. Com isso ela foi descobrindo que por trás da aparência carrancuda de Mikhail havia um coração bom e puro.
Ao final de una festa feita na mansão, ela divisou pela porta entreaberta do salão Yanovsky dançando sozinho ao som de una valsa. O salão era tão grande que o eco fazia os objetos vibrarem ao ritmo da música. Bela ficou perdida por algum tempo, admirando a desenvoltura e a leveza que Mikhail tinha. Um candelabro caiu de cima da cristaleira, devido à vibração e Yanovsky enrubesceu quando percebeu que estava sendo olhado. Rapidamente ele desligou a música e tentou sair da sala, mas foi impedido pela governanta que estava em seu caminho. Ela se aproximou e pousou una mão em seu ombro e com a outra percorreu todo o antebraço de Mikhail até alcançar o controlador do rádio que ele apertava tenso. Sem nem mesmo olhar para o rádio ela fez a música voltar. Bela deixou o controle em cima da mesa, junto a una xícara que voltou a tilintar ao som da valsa, e se entregou a dança. Agora ali eram apenas os dois e os objetos que os acompanhavam. A música parou e ela o beijou nos lábios de forma tão calorosa que selaria ali una paixão. Mikhail a tomou em seus braços carregando-a pela escadaria forrada com um tapete vermelho. Ele parou à porta do quarto da jovem, mas ela apoiou una das mãos no peito dele e começou a empurrá-lo para trás até ele estacionar de costas em outra porta. Ela passou a mão por trás da cintura de Ya e girou a maçaneta. Junto com o click da porta ela trançou as pernas e o quadril no dele, que sem equilíbrio foi cambaleando quarto adentro até cair deitado na própria cama. Em segundos eles já estavam sem roupas. Ya parou um instante para recuperar o fôlego e assim pode ver o que ele tinha em sua cama. Os cabelos ondulados e castanhos cobriam quase todo o travesseiro. Os seios grandes estavam arrepiados e faziam volume debaixo do lençol fino. Os quadris dela descreviam um movimento sinuoso e nos olhos pequenos poderia ver o desejo crepitando como as chamas de una fogueira. Ele não pensou duas vezes e se jogou naquela carne branca e macia. No dia seguinte quando Ya acordou e a única coisa que ela viu em sua cama foi um pequeno ponto vermelho manchado no lençol. Tentou sair da cama tonto e ficou ainda mais tonto ao ver, pelas cortinas, a silhueta nua quase imóvel de Bela ao sol na sacada do quarto. A primeira providência de Mikhail Yanovsky foi mandar trazer o pai de Bela a sua casa e então a pediu em casamento. Bela aceitou, pois também estava amando aquele homem, que de fera não tinha nada, nem mesmo a aparência. Ele não tinha mais que 30 anos, era forte, cabelo curto e toda vez que sorria só reforçava os sentimentos dela por ele.
Durante muitas e muitas noites os dois tiveram apenas a companhia dos objetos do salão principal a lhes acompanhar na dança.

Por Phillip M Elliot

Conto de Fodas - Bela Adormecida

Burra. Essa é a palavra que a define. Bonita, porém burra. Na flor da juventude e no auge da estupidez. Vou explicar com mais calma e com certeza com mais detalhes que na cabeça de Aurora.
Ninguém poderia, e nem tenta contestar sua beleza. A pele mulata de aparência aveludada, quadril largo e coxas bem definidas, os lábios carnudos que mesmo quando não se moviam expressavam a libido que era acentuada pela cintura fina. Os cabelos negros e encaracolados corriam pelo rosto delgado e tentavam, por sua vez, esconder os olhos redondos e verdes como um mar em dia claro. Mas nem toda a beleza pôde livra-la do que aconteceria, pelo contrário até ajudou no decorrer dos fatos.
Aurora morava com seu avô em una pequena casa no bairro de Santa Tereza, centro do Rio de Janeiro. Vivia ali desde que nascera. Sua mãe havia se mudado para o nordeste - afim de cuidar de algum parente enfermo - mas a jovem preferiu ficar na Cidade Maravilhosa. Aurora sempre foi una filha dedicada. Estudiosa, nunca preocupou sua mãe e nunca deixou de cumprir com suas obrigações. Agora como neta não seria diferente. O dia da mulata era resumido em ir para a faculdade de nutrição pela manhã e as tardes eram alternadas entre caminhadas a beira mar, cursos complementares e estágios.
Embora bonita, não possuía namorado - nenhum relacionamento tão sério a ponto de impedir suas noites de festas. Ela já conhecia bem à noite no centro da cidade e sabia os locais onde poderia encontrar diversão aliada à gente bonita. Corria com os dias da semana pelos bares e boates sempre agitados no inicio da noite.
Era quarta-feira, mas nem por isso o bar estava vazio. Um sobrado antigo de dois andares com a faixada pintada de verde abrigava no primeiro nível um bar com balcão de vidro cercado por dezenas de mesas e por clientes que gesticulavam para os bartenders tentando serem atendidos. O segundo piso era um grande salão com chão de madeira e janelas compridas que iam da linha da cintura até quase a altura do telhado. Na parte de cima havia apenas um palco onde se apresentavam alguns grupos e meia dúzia de mesas altas sem bancos enfileiradas ao fundo. Naquela noite o som que tomava o ambiente e ecoava pela rua a frente era o Samba. Ao chegar à festa, a malemolente, já estava tomada pela vibração que vinha de dentro do casarão. Aurora tinha a batucada como seu ritmo favorito. Sem perder tempo se acotovelou até o bar e conseguiu comprar um balde com cervejas no gelo. Segurando pela alça, partiu em direção à escada em espiral que levava ao salão no andar de cima. O lugar estava tomado por casais que dançavam e por alguns solteiros que por hora desejavam companhia. Inevitavelmente Aurora seguiu rebolando até o fundo do sobrado para lá então usar una das mesas e apoiar o balde de cerveja, seu copo e sua bolsa que trazia a tira colo. Em pouquíssimos segundos os solteiros e solteiras - acredite Aurora era o tipo de mulher que despertava o desejo não somente do sexo oposto - começaram aborda-la. Acostumada e com toda a simpatia ela ia dispensando um a um após breve apresentação. Em meio a tanta gente que se aproximava vez ou outra, a amante do samba permitiu que um homem usasse a mesa para apoiar também o balde que trazia equilibrando acima do ombro. Ela não soube dizer se fora a beleza dele; moreno, cabelos negros e curtos, alto e de corpo definido, ou se fora a falta de pretensão no sorriso quando Fábio se apresentou. Os dois começaram a conversar e logo estavam tão à vontade na companhia um do outro que pareciam velhos amigos.
Fábio não queria perder tempo diante das constantes investidas que ela vinha recebendo, então se arriscou e a agarrou pelo braço tentando arrastá-la para una dança. Não que ela realmente tenha recusado, mas fez menção à mesa onde estavam os 2 baldes pela metade. O moreno disse que eles poderiam dançar ali mesmo. Dessa vez ele a puxou pela cintura e não houve qualquer resistência da parte dela. O requebrado e o molejo da passista eram quase hipnóticos. Muitos pararam para acompanhar o casal que seguia em um balanço não ensaiado, porém de perfeita sincronia. Coxas se tocavam, mãos deslizavam pela cintura e pelos quadris sem intenção de parar. Tórax e costas se uniam e braços se enroscavam. Os rostos ficaram alinhados por um longo tempo. Ela mordeu o canto da boca e Fábio avançou feito um animal tomado pelo instinto. Ele a segurava pela nuca com seus dedos entre os cabelos alisados dela. Ela afrouxou a pegada e deixou os braços penderem ao lado do corpo completamente absorta em um beijo resfolegante.
Um pouco cansada pela dança, Aurora fez una pausa. Voltou à mesa e bebeu um gole de cerveja. Fábio acompanhou o gesto da moça. Ela deixou o copo na mesa e com o dedo esticado percorreu a circunferência do tampo da mesa umedecendo a ponta com a água fria que escorria do gelo. Neste movimento, uma farpa perfurou-lhe o indicador. Ela tentou enxergar o pequeno pedaço de madeira, mas a pouca luminosidade do lugar não permitia. Ela disse que tentaria remover a incomodante farpa
Não levou muito tempo para sair do lavabo. Traçou una linha reta pelo salão atravessando na diagonal até chegar junto de Fábio. Tomou um gole de cerveja e sentiu um gosto amargo. O liquido esquentara no meio tempo que ela esteve ausente e o rapaz se manifestou para completar o copo. Outro gole e o gosto já se assemelhava ao normal. Ela não soube identificar a sensação que seguiu os instantes após o terceiro gole. Suas pernas falharam por um segundo e teve que se segurar no rapaz. O som ficou abafado, a visão distorcida e o corpo perdeu as forças. Escuridão total.
O sorriso branco que Fábio deu e ela não reconheceu no inicio era de um canalha, um canalha que aproveitou o momento em que Aurora estava longe para drogar sua bebida.
Una perna jogada em cima da cama e o corpo estirado num chão sujo de hotel. Acordou sentindo o piso gelado sob suas costas e a cabeça latejava. Tentou se orientar procurando a hora no relógio de pulso, mas não o encontrou. Procurou a bolsa para pegar o telefone celular, porém ela também não estava ali. Só então se deu conta de que estava nua e que fora violentada. Experimentou o pânico enquanto buscava na mente imagens perdidas e desconectadas. Encostou-se à parede e escorregou o corpo até ficar sentada. Abraçou os joelhos e tombou para o lado, ficando na posição fetal de olhos fechados esperando que alguém pudesse acorda-la daquele sonho ruim. Mas ninguém poderia. Na história dela não havia espaço para príncipes encantados.

Por Phillip M Elliot

CONTO de FODAS - Cinderela

Cindy morava com sua madrasta Margot. De todos os casamentos de seu pai, essa era de longe a pior mulher que ele conseguiu. O pai da garota falecera alguns meses após se mudarem para a casa de Margot. Margot ainda tinha duas filhas, Bernadete e Lilandra. Das garotas, Cinderela era sem dúvida nenhuma a mais bonita. Era um pouco difícil de perceber isso, já que Cindy estava sempre camuflada debaixo de roupas que em nada valorizavam o seu belíssimo corpo. Quando estava em casa quase sempre usava um jeans frouxo e sem costura, cortado acima do joelho, que escondia suas coxas lisas. Um top, não muito curto sustentava os seios arredondados que sumiam sob uma camiseta larga estampada com a foto de algum político. O motivo dessas roupas é que Cinderela era tratada como se fosse a empregada da família. Bernadete e Lilandra estavam sempre bem arrumadas - o que de nada servia, pois continuavam sendo feias. O dia de Cindy era completo - completo de faxina e arrumação. Ela sozinha tinha de arrumar a casa, lavar, passar e cozinhar. Fazia isso depois de encarar um emprego de meio expediente em una loja que alugava trajes de gala.
Certa feita, para a surpresa de Cinderela, sua madrasta acompanhada das filhas foi até a loja em que trabalhava para que elas pudessem alugar vestidos para a festa que aconteceria naquela mesma noite. O que surpreendeu Cindy não foi o fato delas terem ido à loja, já que aquela era a única na cidade, mas sim por não terem contado sobre a festa. Cinderela as atendeu como fazia com qualquer outro cliente que chegasse. Elas alugaram os melhores e mais caros vestidos que havia lá e foram embora. Antes de sair a madrasta de Cinderela disse-lhe que não demorasse a voltar para casa, pois esta se encontrava em péssimo estado. Cinderela ainda teve tempo de perguntar se poderia ir à festa também. Margot limitou-se a olhar o uniforme que a garota vestia e disse em um tom debochado - o que fazia sempre que falava com Cinderela - que ela certamente teria roupas adequadas para a ocasião.
Assim que terminou seu turno, Cindy fechou a loja e correu para casa. Na porta de entrada encontrou um bilhete que dizia: "fomos para o salão terminar de nos arrumar e de lá iremos para o Baile. Deixe tudo limpo". Quando ela entrou em casa, precisou esfregar os olhos para acreditar no que via. Sem dúvida nenhuma aquela não era a mesma casa que ela havia deixa antes de ir para o trabalho. PUTA DA VIDA. Essa era a palavra para defini-la naquele momento. Cindy juntou todas as roupas e coisas que estavam espalhadas pela casa e fez una grande pilha no centro da sala. Ela pegou sua bolsa e saiu. Poucos minutos depois estava de volta na loja. Cinderela sabia que não tinha dinheiro para alugar nenhum daqueles vestidos. O mais barato custava mais do que ela ganhava em um mês inteiro de trabalho. Não por isso. Cindy poderia muito bem pegar qualquer vestido e devolver sem que ninguém notasse. Pegou um vestido longo, azul, que ela não mostrara quando sua madrasta foi com as filhas até a loja. Da mesma forma que entrou, ela saiu, sem que a vissem. De volta em casa, não precisou de muita maquiagem para ficar mais bonita. Antes de sair de casa para a festa, apanhou una garrafa de álcool no armário da cozinha e una caixa de fósforos que estava sobre mesa, foi até a sala e derramou toda a garrafa de álcool na pilha de coisas que se amontoavam e encobriam a mesinha de centro. Pensou em una única frase enquanto acendia o fósforo "Filhas da puta, vão se fuder". Sem pensar em mais nada, atirou o fósforo na pilha que se transformou em una bola de fogo e lançando chamas que tocavam o teto e espalhavam fagulhas por todos os lados.
Ela ficou acompanhando o fogo consumir metade da casa antes de ligar para os bombeiros. Entrou em seu fusca laranja que mais parecia una abóbora e pegou a estrada para o baile.
Preferiu estacionar nos fundo. Cinderela pode ver Margot desesperada falando ao celular. Haviam ligado e informado que sua casa estava em chamas. Cindy aguardou elas saírem e só então entrou no baile.
Cinderela estava parada na varanda quando um homem alto, que trazia um paletó jogado no ombro e una gravata roxa com o nó desfeito, se aproximou dela para puxar conversa. Cinderela o fitou. Os olhos dela se detiveram no relógio de pulso dele e ela lembrou que era tarde e que teria de ir embora para devolver o vestido e para não parecer culpada no incêndio. Antes que Jorge abrisse a boca para dizer a primeira palavra, a jovem saiu correndo sem dar espaço para apresentações. O homem chamou por ela sem obter resposta. Enquanto ela corria para o carro, Jorge pode ver que ela deixou cair um pequeno cartão. Ele abaixou para pegá-lo e percebeu que se tratava de uma etiqueta - na pressa ela se esqueceu de retirar a etiqueta da loja. Ele viu o desenho de um pequeno sapato de vidro e as letras impressas com o nome da loja - Fádila Madrini.
Cinderela estava no trabalho pensando na noite anterior e o quanto ela tinha sido acusada por sua madrasta, porém os bombeiros chegaram à conclusão de que o fogo tinha começado por causa de um curto na tv da sala. Era o melhor que eles podiam dizer já que não havia sobrado muita coisa da casa. Cindy lembrava também de Jorge, sem nem mesmo saber o seu nome. Em meio aos pensamentos a porta da loja se abriu e o coração de Cindy parou por um segundo. De pé na entrada, estava Jorge com um pequeno cartão entre os dedos. Ela pensou em se esconder, porém era a única na loja. Finalmente eles puderam se apresentar e ela ficou sabendo que Jorge era o anfitrião da festa em que estivera e fugira em disparada. Jorge convidou Cindy para sair e ela aceitou.
Margot e as filhas tiveram que trabalhar na loja em que Cindy trabalhava, pois a pensão que Margot recebia do pai de Cindy já não era suficiente para elas e agora tinham que pagar o aluguel de una casa.
Pouco tempo depois Cindy foi morar com Jorge e se casaram. Margot e as filhas foram ao casamento. Elas não puderem ver muita coisa porque estavam ocupadas demais equilibrando bandejas e servindo os convidados.

Se carecer de final, eles viveram felizes para sempre.

Por Phillip M Elliot

CONTO de FODAS - Rapunzel

Rapunzel era filha de Leanora e Simão, um casal muito conservador que morava em uma bela casa não muito afastada do centro da cidade. Simão era rico, dono de muitas propriedades. Leanora não trabalhava e só saia de casa para ir à igreja ou visitar algumas amigas. Na verdade ela ia fofocar com as amigas. Adorava falar mal das filhas das outras vizinhas e sempre dizia que Rapunzel não era como essas outras, que só saia de casa para a escola e de lá direto pra casa. Realmente era o que acontecia com pobre jovem. Não saia de dentro do quarto para nada. A última vez que lembrava ter passado mais tempo fora daquele quarto, una vez que estava em casa, foi quando plantou una rosa em um dos canteiros. Agora toda vez que ela olhava pela janela, podia avistar a roseira já tão crescida e enrolada na treliça que alcançava a janela do quarto andar, onde ficava seu quarto. Para falar a verdade aquela roseira era a única coisa que acalmava a garota. Quando não tinha mais trabalhos da escola para fazer, Rapunzel ligava o rádio e ficava o resto do tempo trançando o cabelo tentando imitar a roseira que ela plantou.
Seu quarto era bem iluminado, parecia que o sol queria beijar a pele branca, esquentar as curvas perfeitas, fazer com que ela acordasse para revelar imensos olhos verdes. O vento que adentrava pelas grandes janelas parecia querer lhe tirar a franja loira que gentilmente deitava sobre o delicado rosto de Rapunzel. Resumindo, ela era muito bonita, infeliz, porém bonita.
Como a garota mais bonita da cidade poderia ser infeliz?! Muito simples. Ela parecia um pássaro preso numa gaiola. Não podia sair para nada. Não tinha um momento sem que seus pais a vigiassem. Ela se sentia sufocada. Perdendo sua juventude, trancada naquele quarto.
Como de costume Rapunzel, após os trabalhos da escola, ligou o rádio e se pôs a cantar. Não tinha a voz das mais perfeitas, mas o sabia cantar muito bem. Enquanto Rapunzel cantava, um jovem de mesma idade ou quase isso passava por perto de sua casa e reconheceu a música. O rapaz ficou tentado a saber quem gostava da música que para ele era a melhor feita em todos os tempos. Resolveu então ele chamar e assim descobrir logo. Ele mais que depressa se posicionou ao pé da roseira, com uma das mãos apoiadas na treliça e de pescoço esticado começou a chamar por alguém que até então ele não tinha a menor ideia de quem poderia ser. Seus chamados foram atendidos quase de imediato. Ao brotar da janela, ele avistou a mulher mais bela que seus olhos jamais viram e que sua mente nunca pode imaginar. Claro que era Rapunzel. Ela perguntou o que ele queria e ele atordoado com a beleza da jovem não disse muita coisas além de eu gosto dessa música. Rapunzel não entendeu muito bem, mas gostou de Erick.
Erick tinha os cabelos castanhos e corpo atlético do tipo desses jogadores de futebol americano, talvez ela pensasse assim porque Erick sempre aparecia usando una jaqueta do time da escola. Todos os dias ele ia visitar Rapunzel. As visitas se tornaram tão frequentes que ele sabia a hora certa que a jovem ficava sozinha em casa. Não demorou muito e ele passou a subir pela treliça até o quarto de Rapunzel. Pronto. Os dois tinham se entregado ao desejo. Se amavam todos os dias logo depois que a mãe da menina saia. Ficavam nus agarrados até quase a hora que os pais dela voltassem pra casa por volta das oito da noite.
Certa feita enquanto se amavam o pai de Rapunzel chegou em casa mais cedo que de costume. Os jovens amantes reconheceram o som do Camaro do pai de Rapunzel. Desespero total no quarto da jovem. Erick viu aquela alcova se tornando o seu próprio calabouço ou mesmo o seu túmulo. Ele disparou na direção da janela ao mesmo tempo em que punha as roupas. Seu nervosismo era tanto que antes mesmo de chegar a ela, já estava vestido. Não se despediu de sua amada e começou a descer pela roseira. Ao fazer isso sua jaqueta se prendeu a um dos muito espinhos e na tentativa desenfreada de se soltar com um movimento brusco, ele entrou em trajetória quase de queda livre se não fossem os galhos e espinhos que pareciam tão apaixonados por ele quanto Rapunzel e o seguravam de vez e vez. Finalmente encontrou o solo duro. Roupas rasgadas, sangue, espinhos na carne e una dor excruciante. Erick desapareceu no meio da noite dolorido e em frangalhos. Simão entrou no quarto e olhou pela janela, mas não pode ver quem estivera ali. A única coisa que viu foram alguns galhos quebrados da planta. Simão não quis saber o que acontecera em sua ausência o benefício da dúvida era mais reconfortante que a dor da verdade.
No dia seguinte quando Rapunzel acordou percebeu que não podia mais ver rosas em sua janela. Correu e descobriu que seu pai havia cortado a roseira e feito da treliça que a segurava una espécie de arma medieval que deceparia qualquer um que a tentasse escalar.
Rapunzel não via mais Erick. Ela preferia acreditar que ele aguardava a roseira crescer novamente para resgatá-la de lá, mas na verdade ele estava morrendo de medo de ser pego em outra fuga ou de perder algum membro importante de seu corpo.
Pelo sim ou pelo não a roseira continuou a crescer e Rapunzel a trançar o cabelo.


Por Phillip M Elliot

CONTO de FODAS - Branca de Neve e os 7 Nãos

Lila apesar de já estar com seus 40 anos sabia bem que era muito bonita. Talvez por não ter filhos, seu corpo estava conservado e ela ainda fazia questão de ir todos os dias para a academia. A única coisa que fazia Lila se achar feia era quando ela encarava a beleza e juventude de Bianca, que malhava na mesma academia que ela. Bianca tinha metade de sua idade, pele mais branca que a neve, pescoço esguio, seios delicados e firmes e um quadril mais que desejado.
Toda vez que Lila estava diante do espelho contemplado sua beleza, ela se perguntava se havia alguma mulher mais bonita que ela. A resposta era sempre a mesma. Ela não conseguia esquecer Bianca. Lila sabia que essa era a única coisa que a impedia de se considerar a mais bela.
Lila resolveu dar um fim em Bianca. Contratou um homem para se livrar da Jovem. Ela não queria saber o que ele faria com a garota desde que Lila nunca mais a visse. Feito, o homem sequestrou Bianca. Sua ideia inicial era matá-la e sumir com o corpo da jovem, porém diante de tamanha beleza não pode fazer. O homem resolveu então levar Bianca para seu prostíbulo que ficava em outra cidade. Lá Bianca teria muita utilidade.
Bianca não podia acreditar no que estava lhe acontecendo. Foi forçada a se drogar e se viciou. Una vez dependente, não foi difícil convencê-la a fazer programas. Ela cobrava caro, mas a maior parte do dinheiro ia para o cafetão (vou chamá-lo assim porque ninguém jamais soube o seu nome, alguns duvidam até que tivesse sido batizado) e o que sobrava ela gastava em drogas. Passava a maior parte do tempo completamente entorpecida, se assemelhando a una boneca de pano, que una criança cansada de brincar deixou largada em um canto qualquer.
Certo tempo, a fama de Bianca se espalhou. Muitos vinham de longe para tentar um programa com ela. Com toda a popularidade voltada para si, Bianca podia cobrar o quanto quisesse e dizer não a quem ela quisesse, ou quase isso, se não fosse pelo cafetão que não ficava nem um pouco satisfeito ao vê-la dispensando clientes. Ele fizera um acordo no qual Bianca não poderia dispensar mais que sete clientes por noite. Isso mesmo, una cota de não. Ela não tinha outra opção a não ser aceitar. O primeiro programa da noite quase nunca começava antes do sétimo não ou da jovem já ter consumido pelo menos quatro carreiras de cocaína e várias doses de vodka pura.
Bianca estava naquele lugar há alguns anos e não conseguia entender como tinha ainda podia estar viva. Só de olhar para o lugar tinha vontade de rasgar a pele com as unhas ou queimar os olhos com um das pontas de cigarro que se acumulavam aos montes sobre o piso cinzento. As paredes eram úmidas e cheiravam a mofo, as poltronas ensebadas e fedaim a charuto barato e pinga. Quando olhava para as escadas que levavam em direção aos quartos, sua visão se perdia na cortina de fumaça que serpenteava tentando quem sabe escapar por una das janelas o andar de cima, já que a única coisa que era aberta no de baixo era a porta. Tudo naquele lugar lhe era desagradável. Até mesmo um jarro com flores que havia sido posto em una mesa no canto e esquecido fazia tempo, agora contribuía para o horror do cenário. Viciada e longe de casa era como estar em una prisão sem muros. Junto de outras que Vivian o mesmo sofrimento.
Os que frequentavam o lugar já conheciam bens o temperamento de Bianca. Às vezes ela estava FELIZ; outras estava RESFRIADA; com alguns ela era DENGOSA e com outros era ZANGADA; também adorava tirar una SONECA - era o que dizia estar fazendo quando encontrada caída pelo chão; haviam dias que ela não FALAVA nada e raramente ela se mostrava una verdadeira profissional, MESTRE na cama.
Certo dia Bianca teve una overdose. Foi em una daquelas semanas bem agitadas em que ela nem saia de dentro do quarto e os clientes faziam fila a porta. Entre um cliente e outro só parava para cheirar mais una carreira de pó ou tomar um gole de qualquer coisa que fizesse sua garganta queimar. Para sua sorte, no memento que teve a overdose, o cliente com quem estava era um médico. Na verdade ela não sabe ao certo se foi sorte ou azar, no fundo ela desejava que a vida se esvaísse de seu corpo e a livrasse daquela vida miserável que levava pelo simples fato de ter nascido tão bela.
Lucas, o médico que a salvou, convenceu Bianca a não se drogar mais. Tudo isso com a promessa de tirá-la daquele lugar. Esperança não era algo que se via por ali, dentro daquele ambiente enfumaçado e fétido, por isso ela resolveu agarrar com o pouco de força que ainda lhe restava.  A partir desse dia Bianca não quis usar mais drogas.
Um pouco mais lúcida juntamente com outras, mataram o cafetão enquanto este parecia ter tomado o lugar da jovem no chão sujo.  As companheiras de Bianca encarregaram-se do que sobrou do cafetão, como se tivesse a vontade de se despedir - garanto que com palavras nada cordeais.

Agora Bianca estava livre para viver sua vida, mas não queria deixar as outras que ali viviam e que certamente não teriam para onde ir ou já tinham seus sonhos há muito esquecidos. Bianca resolveu então manter o prostíbulo aberto. Não se preocupou com Lucas, embora fosse muito grata pelo que ele fizera, pela ultima esperança lançada. Ela sabia que os dois não dariam certo mesmo. Em pouco tempo ele a deixaria da mesma forma como havia feito com a esposa. Já havia muito tempo que ele tinha prometido a tirar de lá e para falar a verdade já havia muito tempo que ele não aparecia por lá.  
A primeira coisa que fez foi mudar o nome do prostíbulo para Branca de Neve e assim ela também passou a ser conhecida. A segunda coisa que mandou fazer foi sequestrar Lila e a colocar pra fazer programas em seu lugar.

Por Phillip M Elliot

CONTO de FODAS - Chapeuzinho vermelho

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Joanna era una jovem que vivia com sua avó Annabeth em una pequena casa na floresta. Ela nunca conhecera a mãe que morreu por complicações no parto e seu pai morrera em um acidente na floresta muitos anos atrás quando Joanna ainda era um bebê. Não se sabe ao certo a real causa da morte de seu pai, mas acreditam ter sido causada por um animal selvagem, um lobo. Essas não eram historias que Joanna e Annabeth costumavam contar aos outros.

Joanna era bonita e sempre aparentou ter mais idade do que realmente tinha. Possuía os cabelos castanhos cortados acima dos ombros, a pele morena e aveludada, seios fartos, cintura fina e pernas bem torneadas, talvez pela longa caminhada semanal que fazia pela estrada que conduzia à casa de sua avó. Todas as segundas-feiras Joanna tinha que ir à cidade comprar remédios para sua avó. Certa vez quando voltava para casa, Joanna encontrou com um lenhador que dormia à beira da estrada. Ele não parecia ter muita idade, na verdade era um lenhador até jovem demais. No momento em que Joanna passava pelo lenhador, este acordou. Joanna não soube explicar, mas sentiu os pelos de sua nuca arrepiarem. O lenhador perguntou o que ela fazia sozinha por aquela estrada e disse-lhe que poderia ser perigoso. Joanna disse que fazia isso havia muitos anos e que já estava acostuma. O lenhador se ofereceu para acompanhá-la e Joanna assentiu. Ao chegarem a casa, sua avó estava sentada em una cadeira de balanço na varanda da casa. Annabeth ao ver sua neta com o lenhador ficou furiosa, quase histérica. Disse que não queria que ele se aproximasse de sua neta novamente e que se o fizesse Annabeth telefonaria para o xerife. Joanna não gostou nada da atitude de sua avó.
Na semana seguinte quando ia a cidade comprar os remédios de sua avó, fez o percurso normal e na volta encontrou o lenhador que estava deitado da mesma forma que ela avistara na semana anterior. Por alguns segundos Joanna pensou ser um déjà vu, mas logo reparou que o lenhador segurava algo em sua mão. Joanna chamou o lenhador que despertou imediatamente. Ele disse que estivera esperando que ela passasse o dia inteiro. Joanna enrubesceu, mas logo tratou de não parecer tão feliz e perguntou o porquê da espera. O lenhador estendeu a mão e então ela pode ver o que ele segurava. Ele lhe entregou una pequena caixa que continha um cordão de ouro com una pequena medalha de um santo que Joanna não pode identificar já que não era muito religiosa, apesar de sua avó levá-la todos os domingos ao culto.
Joanna levou mais tempo do que o normal para voltar pra casa. Quando chegou a primeira coisa que sua avó fez foi perceber o presente que Joanna trazia em seu pescoço. A velha não precisou perguntar de quem a menina ganhara aquilo. Com um único movimento a velha arrancou o cordão do pescoço de Joanna e como se fosse una cobra arreganhou a boca e escorregou o presente goela abaixo com medalha e tudo. Após a proeza digna de artistas de circo, pois a velha fazia isso enquanto balbuciava algo que parecia una oração - talvez tivesse reconhecido o santo da medalha e não queria ofendê-lo - Annabeth disse que se Joanna voltasse a se encontrar com aquele homem, seria mandada para um colégio interno e que nunca mais sairia de lá.
Joanna não deu ouvidos à sua avó e passou a se encontrar com o lenhador. Todas as noites enquanto sua avó dormia no andar de baixo – a menina tinha a vantagem de sua avó ter sérios problemas nos joelhos e não subir com frequência as escadas – Joanna abria a janela de seu quarto para deixar que o lenhador entrasse. Ele só saia de lá quase pela manhã, antes que a velha Annabeth acordasse e pudesse vê-lo descer pela janela que ficava exatamente em cima da janela da sala.
Una noite, muito depois de ter cochilado no sofá assistindo um programa sobre pinguins na TV, a velha Annabeth acordou com uns barulhos estranhos vindos do andar de cima e resolver subir, ao invés de gritar por Joanna, para saber o que acontecia com a neta. Quando chegou ao quarto de sua neta não precisou bater ou girar a maçaneta, pois a porta estava entreaberta. Tudo o que fez foi deslizar a mão lentamente para que ela se abrisse por completo. Annabeth não sabia se fora a falta de iluminação no quarto ou se fora a dor que agora sentia em seus joelhos pelo esforço que fizera para estar ali em cima, mas ela poderia jurar que Joanna tinha o dobro do tamanho e pelo menos quatro pernas. Annabeth acendeu a luz e quase caiu dura para trás. Joanna e o lenhador estavam tão enroscados um no outro que a velha mal podia saber onde começava a neta e onde terminava o lenhador. Joanna deu um pulo e tentou se esconder debaixo dos lençóis. Annabeth procurou una vassoura para expulsar o intruso, mas quando voltou ao quarto não o encontrou. Joanna nunca vira sua avó daquele jeito. Parecia que seus velhos olhos esbranquiçados pela catarata haviam desaparecido e substituídos por bolas de fogo que saltavam das orbitas vazias. Annabeth disse que logo pela manhã telefonaria para unas pessoas e que mandaria Joanna para um colégio de freiras, onde a menina poderia refletir sobre o que fizera. Quando Annabeth se virou para descer as escadas, seu coração parou de bater por alguns segundos. De pé e nu, parado no primeiro degrau da escada estava o lenhador. O que deixou a velha horrorizada não foi a falta de roupa de homem e sim o fato dele estar segurando em suas mão um machado que de tão afiado, se ela enxergasse melhor  poderia ver seu rosto refletido. O lenhador segurava o machado com tanta força pelo cabo que os nós de seus dedos estavam brancos. Antes que a velha pudesse gritar ele avançou contra ela e lhe golpeou una única vez na barriga. A velha arquejou e caiu pesadamente no chão de madeira. Joanna saiu do quarto, contornou o corpo de sua avó, passou os braços em volta do pescoço do lenhador e lhe deu um beijo no rosto. Os dois ficaram alguns minutos olhando o corpo inerte de Annabeth. Joanna se voltou para o lenhador e disse que agora só faltava que ele deixasse a velha na floresta e o plano deles estaria completo.
Ambos vinham planejando se livrar de Annabeth há semanas. Depois que a matassem, levariam seu corpo para a floresta e torceriam para que algum animal o devorasse e com sorte isso aconteceria - muitos já foram devorados ainda em vida. Planejavam fazer isso na semana seguinte, porém a ocasião não poderia parecer mais perfeita. O lenhador vestiu-se vasculhou as entranhas da velha e tirou de lá o cordão que dera de presente para Joanna, logo depois jogou a velha no ombro, sem fazer muito esforço e sumiu na escuridão da floresta deixando Joanna que limpava o sangue do piso.
Na manhã seguinte Joanna ligou para o xerife e disse que sua avó havia desaparecido. O xerife disse que iniciaria as busca, mas não foi necessário. Um caçador ligou logo após Joanna e contou ao xerife que havia encontrado o corpo de una senhora que parecia ter sido devorada por um urso ou algo assim. O xerife foi até o local e então ligou para Joanna contando o que ele acreditava ser verdade. Joanna chorou copiosamente – o que não se pode afirmar se era tristeza, arrependimento ou mera encenação. Dois dias após o enterro de sua avó, Joanna levando nada mais que uma cesta de vime e usando um casaquinho de capuz vermelho foi sozinha pela estrada a fora pro outro lado da floresta. Ninguém mais ouviu falar da jovem.


 Por Phillip M Elliot

Se não fosse tão estúpido - Capítulo #5 - O dia que não percebeu

(...) Acordou com os pés gelados apesar de ainda estar usando as meias de lã feitas por sua madrinha. Parecia mais uma manha fria de inverno para Carlos e realmente era. Os vidros das janelas estavam brancos da neve que se acumulara durante a noite e dava um ar natalino à casa, faltando dois dias para o Natal. Não insistiu em ficar deitado, o que não é seu costume e partiu para un longo banho quente, enquanto pensava em seu dia, que acreditava ser curto demais para tanta coisa que tinha a fazer. De banho tomado, barba feita e com o espirito mais calmo, depois de uma longa noite cheia de sonhos dos quais não se lembrava, rumou para o trabalho onde passaria as próximas cinco horas.
Era evidente a felicidade de Carlos, embora ele não tivesse revelado o motivo, todos acabariam sabendo.
Cheio de cumprimentos e elogios, seguiu o dia desempenhando com sucesso suas metas. Entre um telefonema e outro fazia uma pausa para fumar un cigarro e enegrecer ainda mais seu pulmão. O fato de estar con 32 anos e já fumar desde os 16, não o preocupava. Segundo ele, tinha mais disposição e energia que muitos atletas profissionais - mas isso nao era verdade, se cansava apenas ao subir os dois lances de escada que levavam ao seu escritório que ficava em uma área mais isolada dos demais. Esse afastamento facilitava sua concentraçao tornando assim mais produtiva a sua rotina de trabalho diária, que era interrompida apenas por uma folga na semana. Fazia questão de tirar essa folga nas tercas-feira, onde podia ir ao parque acompanhado de sua noiva, para desfrutar do som da orquestra que se apresentava fielmante a quase 8 anos. Sentia-se maravilhado pelas sensações que eram proporcionadas em menos de una hora. Como de custume às 17:00 hs a orquestra inrrompia os murmurios das pessoas que frequentavan o lugar. Um misto de vibração e arrepio era sentido por ele ao menor soar dos instrumentos e quase ao mesmo tempo em que o sol anunciava o final de um dia que se dera de total relaxamento.(...)