CONTO de FODAS - Bela e a Fera

As coisas, às vezes, tomam rumos que nem em nossos maiores devaneios somos capazes de imaginar. Essa foi una delas. Nicolau passou a semana tentando descobrir una forma para conseguir o dinheiro que faltava para o presente de aniversário de Bela, sua filha. Ele planejara dar una viagem para um curso de férias em outro país. Fato é que mesmo economizando, meses a fio, ele apenas tinha metade do valor do curso e ainda seria necessário um pouco mais para gastos adicionais. Agora faltavam menos de 4 dias e o desespero já havia se instaurado naquela cabeça coberta de cabelos brancos e que pareciam ficar cada vez mais brancos com a aproximação da data. Situações inesperadas pedem medidas exageradas, pensou Nicolau. Ele então resolveu falar com Mikhail. Mikhail Yanovsky era um "empresário" que controlava mais da metade da cidade que Nico morava. Entre comércios e fábricas, ele recebia mais de 56% dos lucros. Sabendo dessa fortuna Nico achou que poderia pedir dinheiro emprestado ao Sr. Ya, como era conhecido Mikhail. Até aí tudo bem. Ele conseguiu o dinheiro e um prazo ainda maior para pagar; 2 meses quando geralmente Ya só concede 1 mês para o pagamento.
24 de janeiro, tudo pronto para a festa surpresa que Nicolau havia preparado para sua amada filha. Nicolau tinha seus 53 anos, porém aparentava ser 15 anos mais velho, talvez por ter dedicado todo seu tempo a Bela. A mãe da garota era comissária de bordo e em una viagem para o Sul da África o avião em que estava desapareceu. O velho brincava dizendo que um dia encontrariam Susana vivendo em una tribo perdida da África. Bela sempre ria, pois isso a confortava, ainda que não acreditasse. Nico chamou todos os amigos do cursinho pré da filha. Não teve muito trabalho para isso já que ela deixava todos os contatos em una agenda perto do telefone. Ao chegar em casa e se ver diante de todos os seus amigo Belinha deixou escapar una lágrima de felicidade e correu de encontro a seu pai para abraçá-lo. A festa correu pela noite inteira e por volta das 23hs o pai resolveu discursar a felicidade que sentia por ter tão perfeita e agradável filha. Ao final do discurso que pareceu tão piegas, mas que a deixou comovida, Nicolau sacou do bolso da calça um envelope branco e entregou a Bela. Ela não sabia o que tinha dentro do envelope e quando o abriu não pode acreditar. Um comentário, a muito esquecido por Bela, acabara sendo realizado por seu pai. Agora ela tinha tudo o que precisava para fazer seu tão sonhado curso. Em 2 semanas ela estaria viajando para Brisbane, Austrália, para estudar durante 8 semanas. Bela se despediu dos amigos à medida que a festa chegava ao fim, tudo sem tirar os olhos, cheios de admiração, de seu pai.
Passadas 2 semanas Nicolau acompanhou Bela ao aeroporto sentindo o coração apertado, mas feliz ao saber que aquele era o desejo da filha e que em pouco tempo a veria novamente. A despedida dos dois se deu sem delongas e ele ficou no terminal de embarque olhando através do vidro grosso e embaçado o avião taxiar e partir carregando una parte de si. Quando não mais pode avistá-lo, seus medos se tornaram outros. Ele tinha exatas 7 semanas e 4 dias para sanar sua dívida com Mikhail Yanovsky.
O tempo foi cruel e impassível; voando como una folha seca que é arrancada pela mais leve brisa de outono. Nico não precisou sair de casa na data marcada para o pagamento. Ao meio-dia um Sedan prata parou junto ao meio-fio em frente sua casa e 3 homens vestindo ternos pretos saíram dele e escoltaram um outro homem, que   vestia um terno cinza chumbo, até a porta da frente. Nicolau sentiu as pernas vacilarem ao som das batidas fortes e ritmadas na porta; o corpo velho e enrugado dele perdeu as forças. O velho hesitou ao abrir a porta e ficou parado no meio da sala ladeado pela mobília fora de moda. Quando arriscou um passo, meio ensaiado, foi empurrado para trás pelo barulho da porta arrebentando e lançando farpas afiadas em cima dele. Foi cair sentado no chão de piso gelado. Não haveria espaço para discussão. Ya queria o pagamento imediato e não aceitava prorrogação de prazos ou coisas do tipo. A única coisa que Nico falou foi que não possuía o dinheiro e abaixou a cabeça esperando a pancada ou o click do cão de um revólver. Era certo que Ya já sabia disso e com um gesto quase imperceptível fez com que 2 de seus homens agarrassem Nicolau e o jogassem dentro do porta-malas do carro e sem mais desapareceram entre as ruas que cortavam o bairro.
Bela achou estranho seu pai não estar no aeroporto no dia de sua volta. Só ao chegar em casa se deu conta do que estava acontecendo. Na porta da sala, que estava em frangalhos, havia um cartão de visitas com as letras Ya. A jovem entrou em casa, respirou fundo e reavaliou a situação, pensando no melhor a se fazer. Decidida tomou nas mãos as malas que estavam na soleira da porta e foi para casa de Yanovsky. Lá encontrou o pai visivelmente mais magro e com a aparência decrépita. Ele lhe contou o que aconteceu e não demorou muito a chorar de vergonha. Bela conteve o choro e foi direto falar com Mikhail, para propor algo melhor para ambos. Passados alguns minutos os seguranças de Yanovsky tomaram Nicolau pelos braços e o jogaram na rua. Pelas grades altas do portão, que carregava um brasão de cobre polido com as iniciais MY, ele pode ver a filha em una das 20 janelas da fachada da mansão em forma de castelo. Ela acenou para ele e as cortinas se fecharam. A troca havia sido aceita de forma que Bela trabalharia para Mikhail a fim de quitar a dívida.
Ela virou una espécie de governanta. Não saía um segundo ser quer do lado de Yanovsky. Marcava encontros, reuniões, datas de cobranças e organizava festas na mansão. Com isso ela foi descobrindo que por trás da aparência carrancuda de Mikhail havia um coração bom e puro.
Ao final de una festa feita na mansão, ela divisou pela porta entreaberta do salão Yanovsky dançando sozinho ao som de una valsa. O salão era tão grande que o eco fazia os objetos vibrarem ao ritmo da música. Bela ficou perdida por algum tempo, admirando a desenvoltura e a leveza que Mikhail tinha. Um candelabro caiu de cima da cristaleira, devido à vibração e Yanovsky enrubesceu quando percebeu que estava sendo olhado. Rapidamente ele desligou a música e tentou sair da sala, mas foi impedido pela governanta que estava em seu caminho. Ela se aproximou e pousou una mão em seu ombro e com a outra percorreu todo o antebraço de Mikhail até alcançar o controlador do rádio que ele apertava tenso. Sem nem mesmo olhar para o rádio ela fez a música voltar. Bela deixou o controle em cima da mesa, junto a una xícara que voltou a tilintar ao som da valsa, e se entregou a dança. Agora ali eram apenas os dois e os objetos que os acompanhavam. A música parou e ela o beijou nos lábios de forma tão calorosa que selaria ali una paixão. Mikhail a tomou em seus braços carregando-a pela escadaria forrada com um tapete vermelho. Ele parou à porta do quarto da jovem, mas ela apoiou una das mãos no peito dele e começou a empurrá-lo para trás até ele estacionar de costas em outra porta. Ela passou a mão por trás da cintura de Ya e girou a maçaneta. Junto com o click da porta ela trançou as pernas e o quadril no dele, que sem equilíbrio foi cambaleando quarto adentro até cair deitado na própria cama. Em segundos eles já estavam sem roupas. Ya parou um instante para recuperar o fôlego e assim pode ver o que ele tinha em sua cama. Os cabelos ondulados e castanhos cobriam quase todo o travesseiro. Os seios grandes estavam arrepiados e faziam volume debaixo do lençol fino. Os quadris dela descreviam um movimento sinuoso e nos olhos pequenos poderia ver o desejo crepitando como as chamas de una fogueira. Ele não pensou duas vezes e se jogou naquela carne branca e macia. No dia seguinte quando Ya acordou e a única coisa que ela viu em sua cama foi um pequeno ponto vermelho manchado no lençol. Tentou sair da cama tonto e ficou ainda mais tonto ao ver, pelas cortinas, a silhueta nua quase imóvel de Bela ao sol na sacada do quarto. A primeira providência de Mikhail Yanovsky foi mandar trazer o pai de Bela a sua casa e então a pediu em casamento. Bela aceitou, pois também estava amando aquele homem, que de fera não tinha nada, nem mesmo a aparência. Ele não tinha mais que 30 anos, era forte, cabelo curto e toda vez que sorria só reforçava os sentimentos dela por ele.
Durante muitas e muitas noites os dois tiveram apenas a companhia dos objetos do salão principal a lhes acompanhar na dança.

Por Phillip M Elliot

17 comentários:

  1. Muitoi bom, adorei a forma como você conduz e estória e como descreve as personagens... Só não entendi porque você usa o n no final de palavras que teminam com m e na palavra uma... É proposital? Me conta isso aí. Abraços!

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  2. KKK - Nunca tinha pensado por esse lado acabou com minha infância kkk que nada só almentou a imaginação...

    Muito bom o poste!!!

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  3. Muito bom, a cada conto vc se supera com o final,minhas espectativas não foram em vão, rs
    Ee que venha o próximo .. rs :D

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  4. caracoles
    eh sempre um melhor do que o outro
    fico sempre ansiosa pra saber quando vc vai postar um conto novo
    adooorrro
    bjao gatoo =*

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  5. Krak, FILhote, essa ficou mto show, veih!!! Parabéns, cada vez + se superando, tu eh sinistro, ja to pensando no proximo, qnd lênaum quer + parar, vllw, abç , veih!!!

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  6. cara andei vendo outros posts mano um texto melhor q o outro vou ver se passo por aqui de vez em quando
    Abraços

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  7. poxa
    decepcionado
    AEHEHAEHAEA
    BOA!
    O OUTRO LADO DAS HISTÓRIAS!

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  8. Muito bom o texto!!!!! Quero ver mais!!!! Parabéns pelo blog. Abraço.

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  9. uau em bem loco o Conteudo muito bom os contos ae ;D

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  10. nooooooossa, muito bom . para béns mesmo.
    nunca vi nada parecido.

    gostei vou seguir.

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  11. muito bom !! está de parabens ! muito criativo !

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  12. bem legal o filme tbm é mt loko


    http://planetahuumor.blogspot.com/

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  13. criativo, critivo!
    Parabénss\!!xDD

    Deixo aqui o convite para vc visitar o meu blog
    http://delirioseparanoias.blogspot.com

    Será bem vindo lá. ;)

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  14. "O salão era tão grande que o eco fazia os objetos vibraren ao ritmo da música" HAHAUHAUEHAEH, adorei,
    ótima forma de contar um conto de fadas na realidade!
    Mas o fera tem cabelo grande(pelo menos no filme da disney O.O)! Você precisa ver o filme, cara!
    É incrivel, se voce perguntar pra qualquer leitor do teu blog verá que 90% ja viu e 90% não vai acreditar
    que você nunca viu esses filmes!!
    O pai da Bela é um inventor frustrado no filme,
    a empregada da casa da Fera é um armário MUITO simpático, a Dona Ármario!! duashd, e veste a Bela pra encontrar com o fera *-*.
    Acho que por esse ser o conto que mais gosto de todos é que achei que você escreveu pouquinho =(( Mas
    gostei muito, e a Bela é mó sapecona!!

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  15. Adorei ;)
    Muito criativo!

    Resenha: Livros pela Casa - http://migre.me/53VWP #comentem

    Beijos e Boa Leitura!!
    Marina Barcelos
    contato: marysbarcelos@hotmail.com
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